Quando nascemos uma das primeiras sensações de desconforto que experimentamos é a fome, já que dentro do útero éramos alimentados constantemente através do cordão umbilical e a sensação de fome não existia.
Quando o bebê é alimentado ele experimenta uma sensação de alívio e conforto, não só porque sua fome está sendo saciada mas porque a amamentação também traz o prazer relacionado ao contato com a mãe.
Tudo isso acontece bem no início das nossas vidas e por isso resultam em memórias tão fortes. Mesmo que a gente não perceba é muito comum associarmos sentimentos negativos com fome e sentimentos positivos com estômago cheio.
Além disso, no início da vida o bebê não possui a linguagem e utiliza o choro para se expressar. Pode ser difícil para uma mãe diferenciar um choro de dor de um choro de fome e ela pode acabar respondendo com comida a toda manifestação de desconforto do bebê. Esse bebê pode acabar aprendendo que comer é resposta para qualquer tipo de desconforto e pode se tornar um adulto que responde aos incômodos dessa forma: sentindo muita vontade de comer em momentos difíceis.
Discriminar as sensações emocionais das fisiológicas é consequência de um aprendizado, são os adultos que vão ajudando a criança a diferenciar o desconforto que está no corpo daquele que está na alma. São os adultos os responsáveis por começar a traduzir para a criança os seus desconfortos, transformando-os em palavras.
Quando não aprendemos a traduzir nossas emoções podemos confundir as sensações físicas com as emocionais e qualquer emoção pode ser interpretada como fome. Se essa emoção for desconfortável a nossa tendência será buscar a comida numa tentativa de aliviar esse incômodo e nos distrair da sensação desconfortável.