É natural que no início de todo processo de transformação a gente se sinta motivado e cheio de energia. E com a reeducação alimentar não é diferente. No começo do processo nos sentimos prontos para abandonar hábitos antigos, instalar comportamentos novos, fazer esforços e enfrentar todos os desafios que estão por vir. Mas o tempo vai passando e começamos a nos sentir cansados, sem ânimo e com vontade de abandonar a busca por um novo estilo de vida. A tão famosa força de vontade, que parecia indestrutível no início da dieta, parece ter desaparecido sem deixar lembranças. Aonde ela foi parar?

Costumamos ouvir que algumas pessoas têm e que outras não têm força de vontade, quando na verdade, a força de vontade e o autocontrole são características presentes na vida de todos nós. Mas essas características não funcionam de forma linear, elas são instáveis e podem variar ao longo de dia de acordo com o que acontece com a gente. Podemos comparar a força de vontade a um músculo que pode ser treinado para ficar mais forte e que também pode sofrer desgaste e ficar enfraquecido.
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Algumas situações são responsáveis por desgastar a nossa força de vontade, por isso é importante conhecermos como isso acontece e de que forma essas situações podem estar afetando a busca pelo emagrecimento.

É natural criar expectativas no início da dieta, mas quando elas são exageradas e distantes da realidade podem gerar frustrações, sensação de fracasso e acabar com a motivação. Iniciar o processo imaginando que conseguiremos aprender a comer verduras todos os dias, se exercitar cinco vezes por semana, beber água, manter todas as carinhas verdes e emagrecer logo de cara é querer demais.
Ajustar as expectativas é fundamental para manter a motivação. Pensar em metas menores que sejam mais fáceis de serem atingidas e focar no percurso a ser percorrido, ao invés de se sentir feliz apenas quando chegar na meta de peso, pode facilitar o processo.

No ritual do casamento sempre ouvimos o padre perguntar se o casal está pronto para ficar junto “na alegria e na tristeza, na saúde e na doença”, não é mesmo? Esse juramento é importante porque a vida é cheia de altos e baixos e o padre conhece a tendência que todo ser humano tem em abandonar uma situação quando ela está difícil. O compromisso faz a gente permanecer no projeto mesmo quando os resultados não aparecem como gostaríamos. Quem inicia uma dieta precisa estar ciente que, como num casamento, dificuldades serão encontradas e, nessa hora, é preciso permanecer comprometido.
Não confie só na sua força de vontade, pois ela pode variar ao longo do dia. Não importa se você emagreceu ou não naquela semana, continuar comendo de forma saudável e se exercitar não deveria estar relacionado só com o emagrecimento, mas sim com o desejo de modificar o estilo de vida.  Se comprometa e crie rotinas que serão mantidas independentemente dos resultados que você encontrar.
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Ninguém engorda da noite para o dia. As pessoas gastam anos desenvolvendo hábitos não saudáveis e costumam acreditar que podem modificar esse quadro de uma hora para outra. O emagrecimento faz parte de um processo que leva tempo. Vimos na semana passada que levamos em média dois meses para criar um hábito, imagine então quanto tempo demora para mudarmos todo um estilo de vida? Transformar nossa forma de pensar e de se relacionar com a comida leva tempo e se isso não for levado em consideração é provável que a pessoa perca a motivação.

Quando uma pessoa busca emagrecer ela está sofrendo com o excesso de peso. Mas ao longo do tempo as pessoas esquecem o por que buscaram emagrecer. Ter em mente o que motivou a busca pela dieta pode ser muito útil em momentos de dificuldade. Lembrar do sofrimento que o excesso de peso causava, a baixa de autoestima, a dificuldade de se movimentar, os problemas de saúde pode ajudar a manter a motivação a longo prazo. 

Pesquisadores da Columbia University examinaram mais de 1000 julgamentos de pedido de condicional e descobriram que a porcentagem de sentenças favoráveis era de 65% no início do dia enquanto que, no fim da manhã, quando o júri estava mais cansado e com fome, essa porcentagem caía para 0%. Esse estudo mostra que nossa capacidade de tomar decisões é afetada pelo cansaço e pela fome. Nossa mente, assim como nosso corpo, também se cansa. O que outras pesquisas também mostram é que resistir a algum desejo, seja ele o de comer um chocolate, o de gritar com alguém ou o de comprar algo, também é capaz de gerar a fadiga mental. E quanto maior a fadiga, menos autocontrole.
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Quanto mais conflitos uma pessoa tem no dia, mais vontade de comer e menos força de vontade ela terá. Por isso, pessoas que passam por situações de estresse apresentam mais reganho de peso após tratamentos para emagrecer.
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Quando passamos por um dia cansativo e estressante, aonde tivemos que tomar muitas decisões importantes, chegamos ao fim do dia exaustos. Nesse momento em que a força de vontade já está falhando e o nosso cérebro está cansado de tomar decisões é mais fácil dizer não para qualquer esforço adicional. Além disso, muitas pesquisas mostram que o açúcar é o alimento que consegue reestabelecer o equilíbrio mental com mais rapidez. Sendo assim, fica quase impossível ir para a academia, preparar uma salada, lavar uma fruta ao invés de devorar um chocolate.
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Portanto, se quisermos manter nossa motivação precisamos também gerenciar o nosso cansaço. 

Escrito por Flávia Scavone
Psicóloga I CRP 06/58691
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