A dieta Low Carb é por nome tida como uma dieta pobre em carboidratos e, ela de fato é, porém quando se diminui um macronutriente é necessário aumentar algum outro para compensar essa diminuição. O mais recomendado é o aumento das gorduras da dieta, isso mesmo que você leu, aumento das gorduras!
A gordura durante muitas décadas foi demonizada pelas autoridades médicas, a princípio ela passou a ser a culpada número 1 das doenças cardiovasculares posteriormente tornou-se responsável por tudo de ruim referente a saúde humana, desde obesidade à pedra nos rins e câncer. Mas você já se perguntou se essas informações estão realmente corretas? Vamos navegar um pouco pela história.
Como tudo começou?
Tudo começou com um estudo, realizado por Ancel Keys, na década de 50. Nesse estudo ele tentou avaliar o consumo de gordura de 22 países de diferentes regiões e correlacionando com os índices de morte por doenças cardíacas. O consumo de gordura era calculado pela quantidade de gordura disponível no país, dividido pelo número de habitantes (sendo que boa parte da gordura de um país era usada para fazer sabão e não para consumo, enfim). Ao final do estudo Keys percebeu que havia países onde o “consumo” de gordura era elevado e as mortes por doenças cardíacas também, e que também existiam vários países que o consumo de gordura era alto mas os índices de óbitos por doenças cardíacas era muito pequeno, e também pôde observar que em alguns países o consumo de gordura era pequeno, e as morte por doenças cardiovasculares eram altas, ou seja, essa hipótese de Keys não tinha como se sustentar com este péssimo estudo observacional. Porém Keys estava tão convencido de que a gordura da dieta aumentava o colesterol e o colesterol elevado causava doença cardíaca que ele decidiu “mascarar” o estudo, publicando apenas a avaliação de 6 países que apresentaram alto consumo de gordura e altos índices de doenças cardíacas.
Depois da publicação do estudo de Keys, a American Heart Association se posicionou a respeito dizendo que toda essa especulação em volta dos malefícios da gordura não passava apenas de uma TEORIA, e que seria errado mudar a dieta de um país inteiro apenas baseado nessa frágil teoria. Porém…. Alguns anos depois Keys se tornou um forte membro do comitê da American Heart Association, e com isso ele conseguiu influenciar muitas pessoas a acreditarem na teoria dele.
Alguns anos depois….
Por volta dos anos 70 a recomendação de cortar a gordura saturada da dieta virou lei, não porque foi comprovada alguma relação de causa, mas porque muitos médicos passaram a acreditar em Keys que no decorrer desse tempo realizou alguns outros estudos também observacionais, abafando e manipulando dados. Em uma reunião POLÍTICA esses médicos apresentaram essa teoria como se fosse uma verdade absoluta, e por isso como “medida preventiva” o governo decidiu recomendar que todos os americanos diminuíssem o consumo de gordura.
Depois que essa “lei” foi instituída, decidiram fazer pesquisas para ver se realmente tem alguma relação entre comer gordura e doença cardíaca. O resultado dessas pesquisas? Veja abaixo:
Pesquisas…
Com incentivo para que a população a diminuísse as gorduras da dieta, o governo resolveu fazer uma grande pesquisa para testar a teoria de que comer gordura entope os vasos. Um dos maiores estudos realizado nos anos 70 recrutou 12.866 homens com alto risco cardiovascular para testar a hipótese de que uma dieta pobre em gorduras diminui a mortalidade. Esses homens foram divididos em dois grupos, um grupo teve que diminuir o consumo de gorduras e de colesterol da dieta, enquanto que o outro grupo não modificou nada em sua dieta. Depois de 7 anos de pesquisa não houve nenhuma diferença significativa na mortalidade entre os grupos, na verdade o grupo que fez as mudanças na dieta morreu um pouco mais.
Depois fizeram um estudo semelhante com 48.835 mulheres, mas além da saúde cardiovascular eles tinham como objetivo avaliar a incidência de câncer de mama. Depois de 8 anos de pesquisa…. NADA. Foi provado que uma dieta sem gordura não teve efeito significante nem na proteção do câncer nem de doenças cardíacas.
Colesterol “alto” é bom ou ruim?
Para começar vamos entender o que significa um colesterol “alto”. De acordo com a Associação Americana de Cardiologia, colesterol total sanguíneo elevado é quando ultrapassa 200mg/dL, e parece que quanto MENOR for o índice do seu colesterol, melhor. Será mesmo? Uma grande pesquisa publicada em 2005 mostrou que as chances de óbito por doenças cardíacas são grandes quando o colesterol está entre 150-180, mostrou também que o colesterol abaixo de 200 aumentam as chances de morte por infecções e câncer!!! Porém com as novas diretrizes nutricionais contra o colesterol, a indústria farmacêutica passou a produzir as estatinas (medicamentos que abaixam o colesterol sanguíneo), e mesmo muitos estudos provando que os benefícios dessa droga eram insignificantes, eles continuaram a comercializar e a usar um marketing forte para que todos acreditassem que elas realmente iriam evitar ataques cardíacos. O colesterol médio da população saudável na época era de 220mg/dL e o que foi estipulado como normal foram 200mg/dL, assim todos se preocupariam em baixar o colesterol fazendo uso das estatinas.
Em outra pesquisa publicada em 1987 foi provado que acima de 50 anos, o colesterol não aumenta risco de morte, mas a cada 1mg/dL de diminuição do colesterol há um aumento de 14% de morte por doença cardiovascular!!! Se depois dos 50 anos seu colesterol for diminuindo maior chance de sofrer um infarto você tem! Em 2001 fizeram um estudo com idosos e constataram que houve um aumento na mortalidade em idosos com colesterol baixo e que a persistência de colesterol baixo por longo prazo na verdade aumenta o risco de morte.
Será que ainda dá para ter medo do colesterol?
Além de tudo isso tenho que chamar a atenção para uma correlação muito importante: O COLESTEROL E O CÉREBRO!
Um dos mitos mais persistentes envolvendo cérebro e dieta low carb é a ideia de que o cérebro prefere a glicose como combustível. Nada poderia estar mais longe da verdade. O cérebro usa gordura excepcionalmente bem; na verdade ela é considerada um super combustível do cérebro, e essa gordura é o colesterol. Ele serve como um poderoso antioxidante no cérebro, protegendo-o de efeitos danosos dos radicais livres.
Quando privamos o cérebro do colesterol, isso afeta diretamente a liberação de neurotransmissores, o que acabam afetando as funções de processamentos de dados e a memória, ou seja sua inteligência, aprendizado e capacidade de se lembrar das coisas. O colesterol estimula a memória e o raciocínio.
Quanto as estatinas e o cérebro. Disfunções de memória são um efeito colateral delas, além de confusão, e danos cognitivos, e o Alzheimer. Estudos mostram que há 71% de risco de desenvolvimento de diabetes tipo 2 em mulheres que fazem uso das estatinas. Além disso elas têm efeito direto sobre a síntese de vitamina D, e a sua falta acarreta dezenas de problemas, como ossos fracos, raquitismo, aumentam o risco de demência, diabetes, depressão, doenças cardiovasculares, obesidade e várias outras.
Ainda necessitamos de muitos estudos clínicos e randomizados, para tentar modificar as diretrizes de saúde, mas já sabemos que muitas coisas a respeito da nossa alimentação estão alicerçadas em teorias erradas.
Conclusão
A gordura natural sempre fez parte da alimentação humana, na era das cavernas a ingestão de carnes e gordura foi o que garantiu a sobrevivência e a evolução do ser humano, sem ela os homens das cavernas não teriam energia para caçar, para se aquecerem, para se manterem vivos durante períodos onde se moviam de um lugar para o outro e para suportar dias de escassez alimentar. Quando fechamos os olhos para a nossa própria história e evolução alimentar perdemos totalmente a referência do que é saudável ou não para nosso organismo e assim nos afastamos ainda mais do ideal à nossa saúde, ao nosso crescimento e desenvolvimento e também ao nosso envelhecimento.